quinta-feira, 24 de abril de 2008

Teliana Pereira: a número 1 fora da quadra

Os tenistas sempre dizem: "todo mundo acha que a vida de tenista é uma beleza. Cheia de boas viagens, hotéis, lugares bonitos, mas não é fácill". Nos três últimos dias acompanhei de perto a maior parte do tempo da rotina da brasileira Teliana Pereira.

Ela chegou à França na quarta-feira da semana passada, após ser eliminada na segunda rodada em um torneio na cidade italiana de Bari. Até domingo, a tenista cuidou apenas da parte física sozinha, pois também não tinha com quem praticar. No sábado ela dá início a disputa do ITF de Cagnes sur Mer com premiação de US$ 100 mil.

O técnico Didier Rayon chegaria apenas nesta quarta-feira, mas fez valer sua amizade com Larri Passos e pediu para que ele treinasse a pupila enquanto estive com Guga em Monte Carlo.

Na segunda-feira, Teliana faz seus primeiros treinos com Larri e chega onde está hospedada às 22h30. Antes de tomar uma banho para dormir, ela mostra cansaço, em razão dos dias sem treinar em quadra. No dia seguinte precisa acordar 6h30.

Os treinos foram no próprio Monte Carlo Country Club, onde é jogado o Masters Series. Para chegar antes das 9h no clube deve-se apanhar o trem que parte de Antibes às 7h43. Da casa até a estação são 30 minutos em passadas rápidas e uma raqueteira pesada nas costas. O trem leva cerca de 50 minutos até a estação de Monte Carlo. Anda um pouco e de ônibus vai até os hotéis do torneio. De lá, o carro oficial da competição leva até a porta do clube. Isto significa dizer que do momento em que acorda até chegar ao destino final, Teliana leva quase 2h30, ou seja, cerca de 5 horas por dia.

Ainda sem intimidade com Larri, Teliana fica apreensiva com os horários e teme chegar atrasada aos treinos, o que não aconteceu em nenhum dos três dias, mesmo quando precisou levantar da cama às 5h30 como nesta quarta-feira.

Pegamos alguns trens juntos e no caminho ela conta da experiência de treinar com Larri. A primeira referência é sobre a energia do treinador. "É impressionante. Não sei explicar, mas ele contagia". A tenista também se assusta com a disposição e vontade dele. "Na segunda ele entrou na quadra antes das 9h e só saiu para ver o jogo do Guga. Depois ainda voltou para dar mais um treino para mim".

Larri é intenso durante 100% do tempo. Cada bola lançada de sua raquete vem acompanhada de um "vai". Uma curiosidade é que o treinador parece treinar junto com seus pupilos. Sempre que um dos tenistas vai bater na bola, ele enche as bochechas de ar e solta soprando como o fazem os jogadores durante a execução dos golpes. Faz isso em todas as bolas!

Nos treinos, além de Larri está também o juvenil, de 16 anos, Felipe Brandão. Quando o garoto não chega com condição ideal até a bola, Larri logo grita "Eita perninha!". O treinador é insistente e se quer uma bola profunda diz "no meu pé" em todos os lances. Em dado exercício, Passos queria que Teliana batesse seu ‘backhand’ com bastante angulação. Apesar de cruzar as bolas, o ângulo alcançado pela atleta não era o desejado por Larri. Ele pára e pede para ela mexer o pulso com mais velocidade. Nas bolas seguintes, o resultado está nas marcas deixadas pelas bolinhas
no saibro.



Em outras idas e vindas de trem, a jogadora comenta a temporada. Reconhece que os resultados não estão vindo como esperava, mas não desanima. E também não se limita a falar de tênis. Conta histórias engraçadas das outras viagens, aventuras, amizades,lembra dos familiares, disserta sobre os diferentes sotaques brasileiros e revela sentir saudade do treinador.

Quando chega na casa onde tem passado esses dias reclama da gata Tina. Em seguida pega um brinquedo, faz o bicho de "gato e sapato" e dá gargalhada. No torneio, quando não está na quadra, aproveita para ver os ídolos de perto. O favorito é o russo Marat Safin. Vê o jogo dos mineiros André Sá e Marcelo Melo pela primeira vez. "Sabia que eles jogavam bem, mas não imaginava que fossem tão bons e rápidos", conta.

Na segunda e terça-feira foram duas longas sessões de treinos. Nesta quarta, treinou apenas pela manhã. O técnico Didier chegaria em Antibes na parte da tarde. No trem de volta a tenista fica empolgada em saber que o treinador já esta na cidade e quando chega à estação, aproveita que faltam 20 minutos para o ônibus chegar e liga para saber das novidades, contar como foi o dia e marcar o treino para a manhã seguinte.

Se em 2008, a número um do Brasil ainda busca bons resultados, por outro lado tem em mente que a única receita para voltar a triunfar e evoluir é seguir o conselho de Larri: acordar agradecendo por poder jogar tênis e dar o máximo de si todos os dias. Foi exatamente o que observei ao longo destes três dias.

Quem sabe a energia de Larri, os treinos, o reencontro com o técnico e todo seu esforço não sejam recompensados com uma boa campanha já em Cagnes sur Mer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Valeu!

- Teliana é linda, talentosa e carismática.
- Torci demais com ela no Pan,
- quero vê-la se divertindo mundo afora, e ganhando alguns torneios, com aquele backhand fantástico que ela tem, que bem lembra o (de direita) do Nadal.
- Boa sorte para ela, e que a mídia saiba aproveitar melhor a imagem desta brasileira de garra!
oliveiram1@yahoo.com.br