quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O sonho de Miyoshi Takei faz surgir o tênis para deficientes visuais

Em 1986, o adolescente japonês Miyoshi Takei, então com 16 anos e parcialmente cego, sonhou em usar toda a parte perfeita de seu corpo para jogar tênis. O desejo e empenho deste garoto fizeram surgir o 'Blind Tennis'. O desafio era fazer o esporte com a bola "quicando", ou seja, explorando as três dimensões - todos esportes para deficientes visuais utilizavam apenas a bola rolando.

Um certo dia, Takei descobriu uma bola de mini-tênis importada da Suécia. Resolveu partir a bola ao meio e colocou dentro uma bola de tênis de mesa para cegos e deficientes visuais, que possui quatro bolinhas de chumbo para produzir o feito efeito sonoro.

Graças ao esforço do estudante, o Centro de Reabilitação Nacional para Deficientes (NRCT), em Saitama, iniciou um projeto para manufaturar a bola especial. Para completar a realização do jovem, o NRCT promoveu o primeiro torneio nacional no dia 21 de outubro de 1990.

Em 2003 a japonesa Ayoko Matsui começou a dar aulas de 'Blind Tennis' (tênis para deficientes visuais) para crianças de cinco anos. Ela aposta neste trabalho para contribuir no desenvolvimento das necessidades de movimentação, localização, audição e concentração. "As crianças com problemas de visão não são boas no esporte, pois elas não podem se mover livremente e também não há tantas oportunidades de praticar. Isso não é bom para o desenvolvimento delas. O tênis é um excelente esporte para ensiná-las a localizar a bola e a localização na quadra. Elas precisam ouvir o som cuidadosamente e de muita concentração", explica Ayoko.

Ayako tem a intenção de divulgar o Blind Tennis pelo mundo. Em seu site http://www.hanno.jp/~matsui/ a professora traz as novidades do esportes, as regras e os campeonatos. Segundo ela, em 2007 havia cerca de 300 praticantes no Japão. "Eu acredito que o Japão seja o único país onde se joga tênis para totalmente cegos", diz.

Curiosidade das regras
Antes de servir, o sacador pergunta ao recebedor se ele está pronto. Após a confirmação, o tenista deve executar o golpe em até cinco segundos.

A regra permite também que tanto sacador como recebedor perguntem a localização deles na quadra. Quando o atleta erra o saque, ele tem o direito de perguntar ao árbitro como foi o serviço ( se saiu lateralmente, ficou na rede, saiu no distância)

*A edição 82 da Revista Tennis View traz uma reportagem com detalhes da história do surgimento deste esporte e todas as regras

Confira aqui um vídeo do Blind Tennis